25 de outubro de 2011

FONTE


Nei Duclós

Raso da fonte - em Minas, onde imperas,
beldade do abismo (o meu assombro) -
molha teu pé, pétala entre espinhos
fomento da insurreição após derrama

Tenho dó de quem não ama, e não soma
o que vem de ti, deusa do banho
todos ermos do que vejo à luz do canto
perdem a vez de sucumbir em teu remanso

Sou o que fica sob o cântaro, mel de gigante
o amante em verso azul e quadro em ouro
a escrever o que me dás, em susto e sangue

Lavas além do corpo, o teu rebanho
que apascentas nos olhos e pões de joelhos
até dizer sim ao pastor, troféu de noiva


RETORNO - Imagem desta edição: Depois do banho, de William Adolphe Bouguereau.

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