17 de outubro de 2008

DECAPITARAM A NATALIE PORTMAN!


Sorte que vejo filme sem ler nada a respeito. Atiro no escuro e só consulto a opinião alheia depois da sessão ou mesmo depois que eu já escrevi a respeito. “A outra guria Bolena” (agora eu vou fazer minhas traduções de títulos de filmes), que aqui se chama só A Outra, título merreca e batido, é um filme, ponto. Não é História, pelo amor de Deus. Não pretende explicar como o rei de verdade, aquele que viveu há séculos, decapitou sua amante transformada em rainha, mas apenas mostrar como o ator Eric Bana sofreu em se livrar de Natalie Portman, depois de dispensar Scarlett Johansson (Maria Bolena), o que não é uma decisão fácil para ninguém.

Gosto de cinema, portanto gosto dos filmes. Os caras que escrevem sobre filmes parece que odeiam a Sétima Arte. Ficam pontificando abobrinhas. Dizem, por exemplo que Natalie não é uma atriz adequada ao papel de Ana Bolena. Querem que a guria só faça papel de stripper ou de jogadora maluca, não pode fazer papel “histórico”. Não teria estofo. É de uma imbecilidade absoluta. Natalie Portaman mata a concorrência desde que surgiu, inesquecível, aos 13 anos como a garota de um matador. Em “A Outra”, faz uma rainha perversa, que de garota do interior se transforma numa cortesã sedutora e depois sofre com a gravidez e o parto e fica feia, se isso fosse possível, quando é rejeitada.

O pior é que lhe cortam a cabeça, depois de fazer um pequeno discurso fúnebre. Precisa gostar do talento, gostar de atrizes, gostar de filmes. Senão vá catar coelho, chuchar sabão, se esfregar numa tuna. Para que vêem filmes, só para encher o saco de quem gosta? Pois é isso que parece: os caras vão ao cinema porque todos vão. Como odeiam, ficam azucrinando: veja como ela é isso, aquilo, é um comentarismo de comadres.

O filme de Justin Chadwick é bom e merece ser visto. Scarlet Johansson se encontra com um grande papel, e deslumbra com sua capacidade de brilhar. Não é para qualquer um. Tente brilhar em frente as câmaras. Ninguém vai prestar atenção. Mas vejam Scarlet brilhar! Ela está trêmula quando se apaixona pelo rei, trágica quando assiste a execução da irmã, decidida quando pega a filha de Ana para criar. Está ótima. Mas a grande performance é da veterana Kristin Scott Thomas como Lady Elizabeth Bolena. Claro que aproveitaram sua magnífica atuação para, numa sacanagem comparática, dizer que ela estava ótima porque as outras estavam péssimas. Que coisa.

É um filme sobre mulher. Amar, casar, transar, sofrer, decidir, pensar, convencer, sobreviver, morrer: tudo o que é humano está lá. Para quem gosta. Quem não gosta, que vá dormir.

RETORNO - Imagem de hoje: as duas gurias Bolena. Natalie (à esq.) e Scarlet, juntas. Precisa mais?

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