6 de setembro de 2003

QUE ISSO NÃO SE REPITA!

QUE ISSO NÃO SE REPITA!

É claro que o episódio da morte do chinês que foi preso no aeroporto do Galeão e transferido para o presídio Ary Franco, no Rio, não vai se repetir. O cara morreu, entende?
Nunca mais vão poder matá-lo novamente. Seu filho crescerá sem ele. Seus parentes e amigos jamais o verão tocando seus negócios, cuidando da família. Não vai se repetir, mesmo. Parece aquela cena inesquecível da chanchada brasileira:
- Ficarei o tempo que eu quiser, disse a vedete.
- Nem um minutinho a mais, replicou o panaca.

O mais tocante são os apresentadores de TV possessos, espumando. O Brasil virtual nem chega perto do Brasil real. Este, é dominado pela brutalidade, não pelo discurso. A violência encontra farto material de justificação, especialmente quando pega carona nesse oco discursivo que toma conta de todo mundo. A questão é que ninguém chega perto quando a onça bebe água. Ela bebe e pronto. Jornalistas são assassinados, bandidos mandam e desmandam dentro e fora da cadeia, contrabandeia-se o mundo e tudo fica exposto no nariz da população e nada se faz, a não ser vociferar indignações.
- Vai ver se estou lá na esquina, dizem os brutamontes, enquanto fazem o serviço.

O que impera é a lei do mais forte. Os chamados poderosos estão muito ocupados com suas mordomias para prestar atenção no que acontece nas cadeias imundas, nas repartições faveladas, nas calçadas pôdres, nas ruas onde o asfalto ergue-se em ondas, como um mar de horrores. Há tanta incompetência que no Brasil direito humano é confundido com direito de bandido e contra essa certeza não há argumentos. É opinião geral que a correção judicial é feita apenas para defender e proteger quem é culpado e pronto. Os carrascos, escudados nesse equívoco, deitam e rolam. Vai dizer o quê?

Que isso não repita! Nem um minutinho a mais!
Ora, vão cagar pedra.

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