18 de setembro de 2024

ESQUECIDOS

 Nei Duclós 


Tudo o que vemos jogamos fora

Não no esquecimento

mas na memória

Guardamos o tempo sem serventia

Damos adeus todos os dias


Tudo se repete, daí a indiferença 

Minha tia deixou um estranho legado

Pilhas de caixas e vidros amontoados 

Tinham tampa, se justificava

Poderia precisar em determinada hora


Nunca usou tantos guardados 

Era una forma de grudar momentos

Que no fim se foram, como sempre


Dizem que no desfecho passa um filme nos olhos

Toda vida em capítulos de uma série única

Talvez nos reservem algo inédito 

Imagens que perdemos e que um dia voltam

Para nós, os esquecidos da miséria 


Nei Duclós

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