15 de julho de 2023

MAR ADENTRO

 Nei Duclós 


Lanço-me à  aventura no barco grosso

Feito de árvores no seu começo 

Arbustos frágeis mas é o que temos


 Foi-se o naufrágio, quase morremos

Somos teimosos, sobrevivemos

À chuva, o frio e as doenças 

E hoje a ilha já vai distante


Bem devagar nos aproximamos

De nossa crença de um novo tempo

E que há um Deus por trás de tudo

Jugo de amor apesar de bruto


Somos tão poucos mas vela e remos

Nos levam longe onde houver chance 

Quem sabe a Terra, Paris ou Londres

Quem sabe o sonho por mais estranho


Dependemos do vento e das estrelas

Dependemos da bússola

Feita de arame

Dependemos da sorte no mar adentro

Dependemos do corpo, rota suprema


Dependemos da vitória, que jamais chega

Cais da esperança onde pousamos

O rosto amargo no ar espesso


Nei Duclós

Nenhum comentário:

Postar um comentário