12 de março de 2020

CÉU ESPESSO


Nei Duclós


Todo início de século parece ser o fim do mundo
A guerra de 14 a gripe espanhola
Napoleão celebrado por Beethoven
A ressaca das revoluções traídas do povo

O fim das torres gêmeas o terrorismo
Barcos de migrantes, incêndio em Notre Dame
Nenhum livro que permaneça
Nenhum verso nos recitais agônicos

Uma nova peste as fronteiras fechadas
Para onde fugir se não há mais refúgio
Ilha deserta em mares nocivos

Resta apenas esse laço entre o amor e o pânico
Alma encomendada liturgia de assombro
E o céu espesso a insistir na lua



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