17 de fevereiro de 2019

ANEL PERDIDO


Nei Duclós

Leio o que fiz, mas nunca lembro
o instante que o poema gera
fica a palavra, muro sob a hera
desprovida de sol, flor jogada fora

Por mais amor que a criação costure
o fio do abandono não se recupera
imagem fosca, rescaldo sem o brilho
tristeza surda a cultivar a espera

A não ser que envolvas com abraços
o espanto que me causou a escritura
só assim terei a glória e a fortuna

Nada compõe o verso sem leitura
anel perdido em temporais de areia
que aguarda teu olhar, diamante puro


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