7 de setembro de 2017

DOM PEDRO I E O GENERAL HOLANDÊS



Nei Duclós

O general Dirk Van Hogendorp, braço direito de Napoleão, acabou exilado no Rio de Janeiro, onde mantinha um pequeno sítio. Dom Pedro I ia visitá-lo e escutar suas lições. Está tudo no primeiro capítulo do meu livro TUDO O QUE PISA DEIXA RASTRO (Edição do Autor, 2015, patrocínio da Petrobras Cultural depois de uma licitação que escolheu 17 projetos entre mais de 2 mil).

Se achar interessante, adquira o livro. Basta me escrever (neiduclos@gmail.com). Vamos à fala do militar holandês, quE consta no capítulo UMA AULA DE ESGRIMA, da primeira parte intitulada O CERCO DA FERA:

Prevejo tempestades, meu Príncipe. Terás o privilégio de liderar uma, talvez duas ou mais, guerras de conquista . Tens a espada do estadista, que liberta sua nação do jugo absolutista e precisa derrotar os inimigos fora de suas fronteiras para então governar dentro da lei e dos desejos dos povos. Uma obra brutal que precisa da criação do carisma imperial, coadjuvante da força das armas.  Precisarás libertar o Brasil do jugo português e Portugal do jugo absolutista e também da servidão total às demandas políticas que mascaram com falsos princípios e metas aparentemente altaneiras a objetivos mais prosaicos. Os republicanos fantasiam o poder democratizado pelo voto, mas esquecem que é preciso um poder acima dos momentos e dos interesses passageiros, um poder moderador que transcenda a mediocridade diária e projete a nação para o futuro, honrado o suor do que foi conquistado. É uma solução complicada, que será combatida, pois se confunde monarquia constitucional com absolutismo, tirania com liberdade. Equilibrar-se nesse fio da espada é obra para mestres do ofício. É preciso aprender com a esgrima como estocar o inimigo em seus pontos mortais defendendo-se com maestria. O jogo bruto da defesa e do ataque podem ter resultados práticos, mas correm o risco do fracasso. Não possuem o fôlego necessário para uma obra política perene. Precisarás compor a ousadia da luta com a elegância dos golpes. Neutralizar o inimigo quando for preciso e derrotá-los quando necessário. Uma vitória nunca pode ser esmagadora, é preciso deixar os adversários respirar com gestos generosos de anistia. O único objetivo são os resultados. Para isso lance mão da religião, dos rituais, da magia, dos mistérios, das cortes, dos povos, dos militares e dos paisanos. Todos precisam dançara a valsa do Imperador. E terás um império, o maior deles, de ponta a ponta do vasto continente.

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