9 de setembro de 2017

A POLÍTICA EM PLUTARCO: NADA DE NOVO



Nei Duclós

Leio a biografia de Julio Cesar na obra de Plutarco e noto que as sacanagens políticas (que chamam de "estratégias") se repetem ao longo dos séculos. Ou os modernos leram Plutarco e imitam as ações dos caras que assumem o poder absoluto se servindo do voto e da propina, ou a humanidade obedece a uma estrutura rígida de comportamento, seja a época que for.

Comprar o voto do povo e ao assumir cargos usando-os para amealhar mais fortuna é uma das sacanagens. Aparentemente unir adversários poderosos para se tornar o tertius viável para assumir o poder, que se torna total aos poucos, é outro.

Burlar a lei por meio do convencimento e da oratória e da distribuição de benesses também. Mandar matar adversários, usar os laços familiares para ocupar espaços no poder (os casamentos de ocasião), contrariar a lógica dos fatos seduzindo a opinião pública com palavras e gestos, conquistar terras estrangeiras cevando a dissolução e as divisões internas, suspeitar de tudo e de todos, expressar virtudes e abrir mão de tesouros em favor da glória de reinar sobre o mundo inteiro, eis os expedientes marotos que vemos nas páginas do grande historiador e cronista romano.

Plutarco, ao historiar a vida paralela a César, a de Alexandre Magno, dá detalhes sinistros sobre os bastidores e as crueldades do poder, o mesmo tempo que faz hagiografias dos dois potentados. É um fascínio pelos personagens, sem poupar nada de suas fraquezas e violências, exaltando a coragem e a destreza nos combates, a genialidade no exercício do poder, a dureza no trato com o ato de reinar. Plutarco é um autor moderno, não poupa as contradições e nos dá um amplo cenário sobre esses momentos decisivos da História, o da conquista do mundo pelo menino prodígio Alexandre e, em Cesar, a expansão do Império Romano e a ruína de seu sistema de governo, que da República passou à tirania pura e simples. Tudo a ver conosco.



RETORNO - Imagem: obra de Lionel Royer

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