14 de setembro de 2014

A PRAIA DO POEMA



Nei Duclós.

Não disponho de sabedoria. Ocupo o poema com poesia

A praia do poema é para nós, solidão a dois.

Não entender nada do assunto é uma vantagem. Obriga a abordagem prudente e bem embasada. Evita o chute e a charada, frutos da vaidade.

Não desisti do amor. Só não sei onde deixei.

A curiosidade é uma necessidade da percepção em dívida com a realidade

Consumidor substituiu o cidadão. Por isso na hora do voto temos produtos de prateleiras.

Amor, há tempo não dizia. Perdi o hábito,  mas não o que sentia.

Peguei a flor emprestada, peguei carona em teu beijo, mantive o verso na estrada, molhei-te com teu sereno numa valsa enluarada.

É cedo demais para ativar o sonho., disseram É preciso então que o remorso se manifeste quando for tarde demais?

Não insista no amor, dizem todos. Estamos ocupados em perder tempo.

A palavra perdeu os sentidos. Acordou em outra vida, em que não existimos.

O sentimento posto na estante apodrece de um dia para outro. Leve-o para tomar sol, jardineira errante.

Fico exausto. Tenho fôlego curto e respiração boca a boca não funciona a distância.

Sinto falta da lua. A que nasce em ti, musa.

Mistura de superlua e crepúsculo tardio, o mês capricha em ser diferente. Mas de que serve se continuas em silêncio?

Sobra dia no avanço de setembro. O sol se espicha querendo atingir a primavera.

O amor não dura para sempre. Dura só um pouquinho, sempre.

Não te quero mais, lua. Te devolvi ao mar.


FOI-SE O DIA


Foi-se o dia, pintando o céu
com pincel de nuvem.
De um lado há promessa
de estrelas, do outro de neblina.
É como o coração dividido
entre a solidão e a festa.



Nenhum comentário:

Postar um comentário