10 de abril de 2013

2001, UM FILME SOBRE ESPAÇOS



Nei Duclós

Vendo documentário sobre os conceitos de espaço na Física, me dei conta tardiamente que o filme de Stanley Kubrick, 2001, a Space Odissey não é sobre o espaço sideral, mas sobre o conceito de espaço, que deixou de ser passivo segundo a percepção newtoniana e tornou-se vivo e criador, a partir da mecânica quântica e do relativismo de Einstein. Deixou de ser um palco vazio onde as coisas acontecem para adquirir inúmeras propriedades, como curvar-se, virar onda e até gerar coisas espontaneamente por meio da aglomeração de partículas, se é que eu entendi o documentário direito.

 O filme aborda a lenta ocupação humana de infinitos vazios, o universo. As naves, confinamentos espaciais em movimento, se aproximam de espaços artificiais, as estações orbitais, e naturais, os astros. Mostra como a humanidade dispõe desses novos ambientes de maneira criativa, ao romper com a gravidade e expandindo-se , adquirindo novos hábitos, como na célebre sequência do homem correndo numa esteira circular.

 A abordagem inclusive serve para a milionésima teoria sobre o monolito. De formato retangular, o objeto que subitamente aparece emitindo um silvo é a representação do espaço confinado, sinal de uma civilização. Pois a civilização é conseguir criar limites ou usar as propriedades do espaço a seu favor, opondo-se assim à diversidade do cosmo, à hegemonia da imprevisibilidade de que tanto fala a mecânica quântica.

 Ao romper todos os diques espaciais, quando ultrapassa a barreia do sistema solar, o astronauta vê-se de volta ao início, representado por uma cena do passado, clássica, véspera do surgimento de um cyberbaby, semente da nova humanidade.

 O filme de Kubrick se presta a um infinito exercício de especulação.


RETORNO – Imagem desta edição: cena do filme 2001, A Space Odissey.