1 de junho de 2010

RESSACA



Nei Duclós

Vivemos divididos entre a certeza e a dúvida. Mesmo a matemática é território aberto para especulações. Ou não existe uma conta infinita separando dois números inteiros, como se o universo uno, com perdão da redundância, fosse um eterno 1,99 que nunca chegasse ao bom porto da dualidade? Isso sem falar na numerologia, que adota conceitos esotéricos para as representações aritméticas.

Se o que é considerado incontestável serve para tanta oscilação teórica, o que dizer do clima, tema de uma ciência ainda recente? Hoje não dá mais para debochar das previsões como fazíamos antes, só para nos divertir com os colegas que se dedicavam a esse ofício. Bem instalados em assuntos prosaicos como política ou economia, era divertido contrariar o profissional do tempo com piadas sobre galocha e guarda-chuva.

A metereologia é coisa séria e conta hoje com uma brutal capacidade de acumulação de dados e de projeções e análises. Mas há novos ingredientes interferindo e que não são levados em consideração. Quando acontece um terremoto por dia em partes diversas do mundo em um determinado período, quando tornados surgem em lugares inéditos, ou quando o mar se insurge contra a praia e avança sobre os continentes por vários motivos, as explicações ficam devendo.

É confortável culpar as interferências humanas, como o petróleo que vaza sem parar no Golfo México, ou o excesso de poluição que cobre o céu e muda o ritmo das estações, intensificando até o insuportável os picos da temperatura. Mas há suspeitas, cada vez mais disseminadas em porções da comunicação e da ciência, de que alguns eventos estão sendo provocados por uma sofisticada composição de ondas emitidas de maneira proposital a partir de alguns centros específicos.

A abordagem ainda se debate com a especulação e as teorias conspiratórias. O aquecimento global é uma tese convincente, que mais ou menos aplaca nossa curiosidade e gera um monte de dinheiro em projetos e carreiras. Mas é possível que os motivos do rosnado do mar em Armação e o sumiço da tainha na fase inicial da temporada escapem da explicação óbvia. Algo há nessa quantidade excessiva de transgressões.

Talvez não seja apenas o que é mostrado na tela, mas iniciativas ainda ocultas. Assim como aquele cogumelo no final da II Guerra, que explodiu na cara de quem não acreditava numa arma definitiva.

RETORNO - 1. Matéria publicada nesta terça-feira, dia 1 de junho de 2010, no caderno Variedades, do Diário Catarinense. 2. Imagem desta edição: o estranho céu de Ingleses, durante a passagem habitual de aviões não identificados, que largam rolos de fumaça no ar, tornando tudo muito bizarro. Depois dessas aplicações, o tempo costuma fechar. Nota: não são fumaças de jato, please, é outra coisa. Chamam-se chemtrails. Servem para manipular o clima. Foto de Juliana Duclós

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