29 de maio de 2007

RODÍZIO DO BUTIM


É como corrida de revezamento: o cara pega o butim, corre e repassa para o parceiro. O objetivo é atingir a meta de 100 por cento de roubo do dinheiro público. O sistema é circular e infinito. O que faz o Renan Calheiros no topo do Senado, ele que esteve em destaque na época do Collor? Por que o Sarney, o fundador da ditadura civil, fica perorando contra a falta de liberdade na Venezuela, quando ele próprio é um monumento a toda espécie de ditadura (principalmente a ideal, a atual, a que posa de democracia). Por que o presidente do Senado precisa fazer a nação ouvir que ele pede perdão à esposa por ter um rebento fora do casamento? E por que o trem bala, que ligará são Paulo ao Rio, está sendo discutido na Itália pela ministra Dilma com investidores coreanos?

O Brasil parece não fazer sentido, a não ser que encaremos os fatos. Não se trata de ficar atento ao noticiário, mas entender onde estamos metidos. Se as raposas cuidam do galinheiro, e se o butim é farto, mas limitado pelo excesso de abutres, então é claro que as mesmas figuras vão se revezar nas cpis da vida. Os peixes grandes caem na rede por uma questão de disputa do butim. O sistema precisa de reacomodamento da propinagem, é nessa arena, o de quem pega mais e onde, que a ditadura se manifesta e funciona. Se há suspeitas de que alguns governadores são os chefes das quadrilhas, então temos o quadro perfeito: toda a estrutura política estaria voltada para a sangria da nação. Para isso serve uma nação sem soberania.

O que chamam de desenvolvimento, crescimento ou equilíbrio fiscal ou distribuição de renda não passa de estatística manipulada. Se queres um monumento olhe em torno, como se costumava dizer. A overdose da palavra democracia ou da expressão estado de direito é sinal de que nada temos dessas conquistas. Roberto Carlos tira sua biografia do mercado e jura que não vai queimar os livros, apenas, talvez, reciclá-los. Qual a diferença? E usa o Fantástico para se justificar. Se tivesse certeza de que está com a razão, nem se manifestaria. A liberdade de expressão serve para canalizar as desculpas e ataques de quem detém o poder. O resto recebe bala de verdade na cara e ainda vão ficar um tempo verificando porque não eram balas de festim. Não eram de festim porque é preciso demonstrar força, entende? Está cheio de bandidinho na platéia. Arre.

Hugo Chaves tira a TV do ar e coloca outra no seu lugar. É um idiota. Bastaria não veicular propaganda paga do governo ou equilibrar a rede de transmissão. Pois a liderança na TV só se consegue com essas duas coisas. Uma, é a grana preta da publicidade pública. Outra, é o sinal forte garantido pela infraestrutura de transmissão. Você pega uma tampa de panela, liga num fio e põe na TV de 14 polegadas de 1960 e a rede Globo pega, esplendorosa. Isso é o que faz a audiência. O resto das redes são apenas fantasmas, a não ser que você faça parte dos 3 por cento da TV paga ou estiver em áreas dita nobres das capitais. O resto do grotão, do ermo, que é o Brasil, só pega mesmo a Globo e em mais de um canal.

O certo é se debruçar sobre os livros, para desasnar e entender melhor o que se passa. A livraiada desce de São Paulo direto para a minha sala. Entre inúmeras preciosidades, o livro “Sobre a História”, de Eric Hobsbawm. Num dos capítulos, ele fala sobre o marxismo vulgar e a luta que o próprio Marx assumiu contra a diluição e a manipulação das suas idéias. Esse socialismo de araque de Chaves, todo ele contaminado pelo marxismo vulgar, ainda vai colocar fogo no continente. Vejam a cara do sujeito: parece um idiota, tem cara de idiota, fala como um idiota. É, claro, um idiota.

RETORNO - Imagem de hoje: fotaça de Regina Agrella.

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