20 de maio de 2007

SERVIÇOS HEDIONDOS


Duas empresas estão na lista das piores do mundo. Uma delas é a Eletropaulo, que no seu atendimento exibe a crueldade diante dos contribuintes. Um exemplo, entre muitos: alguém mudou o débito automático da conta de luz de um banco para outro. No trâmite, que demorou alguns dias, a companhia apresentou uma fatura que estava descoberta devido à migração bancária do débito automático. Ou seja, bem na hora que a burocracia cuidava da mudança de endereço bancário, uma cobrança entra no vácuo e, claro, não é paga. Reapresentaram a fatura? (cairia nos bits automáticos!). Não. O que fizeram? Tiraram o relógio de luz e desativaram o fio do poste que alimentava a casa em questão.

Pois bem, a fatura, claro, quando descoberto o problema, foi paga. Até esse momento, imaginava-se que bandidos tinham roubado o relógio de luz. Jamais ocorrera aos contribuintes que a própria companhia, aproveitando a ausência dos proprietários (que já moravam em outro endereço, pois colocaram a casa em questão à venda) teria armado o puteiro desativando toda a infra-estrutura que puxava a energia. "A conta foi paga? Então vamos abrir um protocolo. O senhor aguarde dentro da casa, por 24 horas, num expediente das sete da manhã às dez da noite. A qualquer momento a equipe vai realizar a operação".

Passaram-se três dias e nada. Todos os dias, telefonava-se para Eletropaulo, que abria novo protocolo, pois o serviço fora rejeitado. Ou seja, a equipe esteve lá, “não havia ninguém em casa” etc. Tudo mentira. Os caras chegavam, viam o barraco armado da falta de relógio e de fio para ligar no poste, viam que a árvore em frente onde seria feita a ligação tinha uns galhos a mais e diziam: "Precisa podar a árvore! Senão não tem jeito".

Depois de muito implorar, e algumas ameaças numa tal Ouvidoria da empresa, os contribuintes conseguiram que uma equipe de dois sujeitos passassem por lá. Foram cercados pelo desespero das pessoas que faziam plantão na casa desativda e estavam confinadas, sem luz, num frio de rachar. Mas os tiranos avisaram: "O serviço não está conosco, só viemos dar uma olhada". Era mentira. Quase foram embora sem fazer nada, não fosse a insistência da ouvidora. Mas o cara avisava: "Tem que podar a árvore". Seria preciso chamar a prefeitura, isso levaria uns três meses. Mas acabaram cedendo. Não sem antes gritar para o responsável pela casa, que tentava argumentar sobre o absurdo da situação: “Esse problema foi causado por sua dívida, sua dívida!” Mas já está paga e são apenas 22 reais. “Não interessa! O senhor deve , deve!! “ Ou seja: tem um fuzil automático aí?

A Gol é outra empresa que está se revelando extremamente cretina (à primeira vista, parecia boa). Vende a mãe e não entrega. Deixou ontem, sábado, por cinco horas as pessoas esperando sem lhes dar a mínima satisfação sobre se o vôo ia sair mesmo de Congonhas ou de Guarulhos. No aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis, uma senhora batia na mesa do balcão e gritava: “Minha mãe tem noventa anos, noventa! Vocês a deixam esperando por um dia inteiro e não dizem a que horas sai o vôo! “ Favelizaram a aviação brasileira. A Gol ganhou mercado, tornou-se quase um monopólio e hoje faz o que quer, apoiada por uma infra-estrutura sucateada. Há suspeitas de corrupção por todo lado.

Antes, existiam a Vasp, a Varig (hoje agônica), a TransBrasil. Antes ainda, a Panair do Brasil, entre tantas outras. Meu pai vinha de São Paulo ou Buenos Aires, nos anos 50, assobiando de contente. Os vôos jamais atrasavam. As companhias eram brasileiras. Hoje querem privatizar a infra-estrutura da aviação. Os aeroportos que o povo pagou cairá na mãos dos espertalhões de sempre. É por isso que estão levando ao desespero os passageiros. É para angariar apoio na hora em que forem vender tudo. O espaço aéreo deixará de ficar sob nossa responsabilidade. Já tiraram o subsolo, privatizaram os serviços essenciais, estão armando para ganhar todo o território. Só faltava mesmo o ar.

RETORNO - Imagem de hoje: foto de Marcelo Min.

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