16 de abril de 2025

AMANHECE

 Nei Duclós 


O sol acorda tarde no outono

Exausto da trabalheira do verão

Avança tímido sua precoce claridade

Que desliza como onda próxima do mar na escassa areia


Insone, aguardo o momento em que me despeço das lâmpadas acesas

Que ficaram em vigília junto com o cão

Na noite interminável 

E fico aliviado com as gotas diurnas de luz

Que borrifam as árvores impregnadas de plumas e pios


Amanhece lentamente no tempo parado onde me encontro

A descobrir que o futuro é idêntico ao princípio 

No ciclo inaugurado pelo verbo encolhido de frio


Nei Duclós

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