17 de setembro de 2023

LAVOURA

 Nei Duclós 


Acordamos cedo na roça do poema

Sitiantes da palavra à margem do latifúndio 

Lavradores de grãos de ancestral linhagem

Colhedores dos frutos de pequena monta

Morangos e amoras de ductil manejo


Suamos antes do sol e sua faina

Sob o testemunho de friorentas estrelas

O horizonte muge de excessivas tetas

O resto do mundo dorme desprezando

esporos

Enquanto continuamos no chão bruto deste ofício


Os anjos entendem 

E providenciam nosso lanche


Nei Duclós

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