23 de dezembro de 2022

PRENDA

 Nei Duclós 


Não posso definir o sentimento

Parece bobagem - já disse e sustento


Abri mão do complicado evento

De entender as paredes deste ofício

Para me dedicar ao visgo sem retorno

Do amor e o que ele inventa 


Na margem de reconhecimento 

Facilito o verbo em função do tempo

Que perco pesquisando o embrulho


Nem mesmo a esmola do teu gesto escasso

Vem a mim, rude cachorro 

Sou um sem teto em praça do subúrbio 

Passas ao largo, com ruidosas rendas


Sigo teu andar como torto anjo

Entras no quarto e fechas a porta

Fico no corredor, mastim silencioso

Ermo de ti, inacessível prenda


Nei Duclós

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