6 de agosto de 2022

MINHA CIDADE

 Nei Duclós 


A  cidade das águas e do pampa

Das ruas largas

Dos bustos de bronze dos poetas na praça

Da caça às  perdizes

Com linhadas no barranco e no barco


Não foi a cavalo que te  conheci

Montado em rebanhos que pontuam soberanos no pasto

Foi a pé, como se eu fosse do

Exército 

Foi a remo, para além do Touro Passo

Nos invernos do Jarau e dos assombrados horizontes da Argentina

Compartilhados conosco

Os do Outro Lado


Cidade do rio Uruguai e das despedidas do sol

Que some engolido pelos silêncios 

Que cultivo em meu intimo acampamento


Minha mãe varrendo a calçada onde meu pai dormia no verão 

O rádio Mullard em sintonia  com Londres e Pequim

E Liberace a toda na eletrola hi fi


Tudo visto da janela do trem

Que numa curva sumiu e reapareceu

No lombo da palavra do tempo 

Que resiste no adulto ainda menino

morando onde jamais partiu


Nei Duclós



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