11 de julho de 2020

OBJETOS


Nei Duclós

Objetos são exigentes
Estão sempre a pedir limpeza
São desobedientes
Feitos de materiais imprestáveis
Sobra de lixos industriais
Com btilharecos na aparência
A exibir-se em lojas caras

Os sapatos que não entram
A roupa virada do avesso
Facas que não cortam
Tesouras cegas
Furos no encanamento
Telhas soltas
Sótãos sinistros
Porões antidiluvianos
Portas que ringem
Fechaduras  que enferrujam
Ferramentas que emperram
Badulaques que despencam
E esses móveis que combinam a derrocada
Com o Tempo

Objetos atormentam
Quem insiste em ser sujeito
No mundo impessoal e obsoleto



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