15 de outubro de 2019

SEM ARESTAS, A EXPOSIÇÃO 1


Ao longo de outubro de 2019 está exposta no Centro Cultural de Uruguaiana, RS, um trabalho feito a quatro mãos: fotos da artista plástica, escritora, poeta e fotógrafa Marga Cendón, com poemas meus feitos especialmente (com exceção de dois, já publicados em livros) para estas imagens. A seguir alguns exemplares da mostra. Segue no próximo post. 


ROMPANTE

Flor é penugem do campo
Amacia o rosto bruto
Parece água à distância
Diante do céu se maquia

Um outro cheiro cavalga
O dorso do pasto pobre
Cobre de luz a moldura
De uma paisagem sem nome

Fico perto porque assoma
Algo maior nestes ermos
Um rompante feminino
Na garupa de um perfume

Nei Duclós
Sobre foto de Marga Cendón
Da exposição SEM ARESTAS
No Centro Cultural de Uruguaiana.

Nei Duclós
Sobre foto de Marga Cendón da exposição SEM ARESTAS





QUERÊNCIA


Imenso, é a palavra do campo
Sem limites no seu corpo verde
Cabe nela o tesouro vasto
Feito de amor à primeira vista

Percorro sua luminosa especiaria
Querência, torrão de sentimento
Nenhum ouro vale tanta herança
Pertença por nascer em seus domínios
E morar em sua essência todo dia

Longe, como alguém que vai embora
Próxima para todos os instantes
Chego em ti quando respiro fundo
Sou tua voz que escuto em boa hora

Nei Duclós
Sobre foto de Marga Cendón da exposição SEM ARESTAS



BARCOS NA MARGEM nei

Não é preciso muito para a travessia
Remos ocultos no chão das chalanas
Dar as costas para a arquitetura

E esperar a noite, quando a ponte dorme
E sua sombra não reflete a lua
Cruzar no remanso a favor da correnteza
Levar no dorso o que a pesca desconfia

A margem do rio tarde se acostuma
Aos barcos imóveis imersos e duros
Mas eles escapam e cruzam a aduana
São ligeiros como piavas na linha

Nei Duclós
Sobre foto de Marga Cendón
Da exposição SEM ARESTAS
no Centro Cultural de Uruguaiana

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