5 de dezembro de 2016

UM OFÍCIO




Nei Duclós

O poeta não vira cinza
como o tirano
Não beija a lona
quando se fina

O poema fica, inesquecível
Não toma tempo
como o discurso
Não diz mentira
para ser visto

Sua palavra é suja
por ser humana
E ruge sem puxar
o gatilho

O poeta exerce um oficio
Carpinteiro de nuvens
pedreiro de sílabas


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