13 de maio de 2013

CONCHA



Nei Duclós

Pus a concha no ouvido, não escutei o mar, ele tinha sumido para o teu olhar.

Cortei o poema, ele ficou sangrando.

Escrevo escondido para leres no escuro.

Tua fala vem desacompanhada. Manténs oculta a fonte da palavra. Eu farejo pelo perfume do verbo, mas jamais chego ao que dizes de verdade.

Nossa poesia vai evaporar como água depois da chuva. Lhe faltará o que hoje lhe sobra, tempo.

Não te convenço porque me perco. E ao me perder, me encontro . É quando me recolhes, pronto sem sabermos um do outro.

É insuportável ficarmos à parte. Não sei onde colocar tanto desejo. Talvez te envie pelo correio, para que lembres.

Fui convidado a entrar pelo teu sorriso, enquanto teu corpo se contraía. Aos poucos foste tomada pela visita.

Sempre que entras em desespero, descubro que és humana. Fico sem saber o que fazer, eu, boneco de molas.

O inverno te tirou do circuito. Lembre que moramos no azul do infinito.

Quando me vires sem rumo não se penalize. Sou o corpo do futuro furando a onda.

Quando o tempo enfim encerrou o expediente e as estrelas tombaram como insetos no lampião sem brilho, te tirei para dançar, sombra que se inventa sozinha

A natureza interrompeu os pensamentos. É quando se concentrou no que interessa,
teus ombros, as curvas da promessa.

Sem bom humor não há bem querer.

Você me abandonou, disse ele sem obter resposta.

Tua fala vem desacompanhada. Manténs oculta a fonte da palavra. Eu farejo pelo perfume do verbo, mas jamais chego ao que dizes de verdade.

Senti tanta falta que me perdoaste.

Abracei o ar, que era tu. Evaporaste ainda em flor, brisa marinha.

Melhor não acreditar em nada. Fugir da pegada.

Você é muito linda. Deixa eu te dizer antes que o dia me imponha percepções falsas.

Puseste o poema no freezer. As sílabas viraram gelo. O amor, urso polar, sonhou com a primavera.

Deixei um bilhete, nem leste, garanto.

Voltaste da farra, já estou me mandando.

Pulei a palavra, ela acabou me alcançando

Não disse a que veio, ficou só me olhando.

Estás saindo apressada. Não se esqueça do amor.


FILHOTES DE LOBO

Poemas como filhotes de lobo. Pequeninos, as pessoas se aproximam. Com o tempo, eles saem à caça.

Eu tinha razão, ou seja, estava errado.

A vaidade da Lua inventou um espelho, o mar, que precisava de um suporte, a Terra. Essa é a origem do sistema Terra-Lua.

Viver, maldito ofício, mudar de roupa por um século.

O cara é realmente impagável. Consegue dizer em poucas palavras um monte de coisas inúteis.

O que achou? perguntou o autor. Você é bom, mas é ruim, disse o crítico.

Sábado de lua, uma hora frio, outra morno, como a experimentar fases simultâneas.
 

RETORNO - Imagem desta edição: Elizabeth Taylor.