22 de julho de 2010

FAÇA O QUE QUISER


Nei Duclós

Tudo é vencido em mim, antigo
Confidente
Que o tempo reserva na aparição
De um soco
Época sem refrões em corredores
tontos
Onde se quebram as louças de um
acordo

Nada faz sentido em mim, escassa
Babilônia
Encontrada no jarro podre de um
recanto
Gruta de ferrugem a envenenar o
Vinho
De uma literatura suja como alguém
Em coma

Todo encanto se desfaz num céu de
ferimentos
Quando profiro a oração convicta dos
Contritos
E ninguém escuta a não ser a solidão
Dos trilhos
Onde trafega uma procissão de
monstros

Nenhum coração resiste enquanto houver
Silêncio
Nem voz poderá ser minha se estiveres
Longe
Trago na bagagem uma confissão de
Gritos
Faça o que quiser desde que eu possa
Ver-te


RETORNO - Imagem desta edição: Corredor, de Ricky Bols.

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