11 de agosto de 2008

MORO NA BOSSA NOVA


A bossa nova é como espuma, passa leve por nós e some no ar, mas volta eternamente. “Ah, meu amor tudo voltarias e de novo cairias a chorar nos braços meus”, diz Vinicius de Moraes, embalado por Baden Powel, na música Apelo, cantado por Dick Farney e Claudete Soares. O cd de Dick Farney vem junto com outro, de Tom Jobim, e é um presente da Folha, que está aos potes nas bancas, apresentados em caprichados cadernos escritos por Ruy Castro. Não comprou? Compre, custa só uns 14 pilas. Depois falamos.

Comprou? Colocou para escutar? Cocapabaaana princesinha do maaaaar. Essa música, interface com a mais sofisticada música do mundo, cantada em português nos claros dias do Brasil Soberano, pertence ao país que perdemos, mas que é o lugar onde decidimos morar. Quero morar na Paris libertada de Cartier-Bresson, quero morar no Rio de Janeiro da Bossa Nova. Não se trata de utopia, de sonho, de realidade virtual. É moradia mesmo, areia do tempo, onde pousamos a sorte de sermos vivos e profundos.

Não vou falar mais. Escutem. Deixem-se guiar pela civilização do som supremo, pelas mãos talentosas de Ruy Castro, pelo veludo da voz de Claudete Soares e Dick Farney, pelas letras de Tom Jobim, pelas melodias do maestro soberano. O Brasil destruído pela incúria, por 1964. Esse é o país que gerou a bossa nova. O mar, quando abandona Copacabana, sente o baque, a perda e descobre ser eternamente apaixonado por ela. Somos como o mar. Perdemos tudo, mas não nossa decisão de morar aí onde canta o país construído com a sabedoria de quem veio antes de nós.

Hoje abri o portão e pedi para desligarem o som do rádio de um carro, de portas abertas, envolto em nauseabundo baticum. Me atenderam. Aí coloquei Dick Farney. O dia se iluminou. More conosco.

RETORNO - Atenção para dois links permanentes no Outubro aí ao lado. Um é para o blog de Miguel Duclós, com posts mais freqüentes, sempre um banho de análise, informação e cultura. Outro é a estréia do Blog do Meu Saco, de André Falavigna, autor de inúmeras obras-primas. André é definitivo. Quando ficar ainda mais famoso do que já é, certamente lembrará dos velhos amigos.

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