18 de dezembro de 2006

SEMPRE TEM UM BOI CORNETA





Se existe uma coisa que irrita realmente muitos leitores é falar mal de seus cineastas favoritos. Oliver Stone, Martin Scorsese ou Quentin Tarantino, essas nulidades que assumiram o papel de autores no vazio deixado pela morte dos gênios insuperáveis, possuem uma legião de fãs que caem de pau toda vez que coloco no ar alguma coisa contra eles. É que chegamos ao fundo do poço em termos de arte cinematográfica. Os melhores hoje são apenas filmakers sólidos como Clint Eastwood, Lars Von Triers, Gus van Sant. Nenhum excepcional, que eu saiba. Há uma tabula rasa da produção, descambando para a mediocridade assumida, tudo em função do tal consumo de massa. Repetir velhas fórmulas não é apenas tentar atingir o máximo de incautos, é reiterar papéis sociais e econômicos.

CACHO - Ontem dei uma zapeada no filme que passou no SBT, O Último Samurai, com o Tom Cruise apertando os olhos, fazendo carranca de fodalhão e ensinando japonês a atirar, em cenas explícitas de superioridade branca sobre esses amarelos. Logo depois ele vira guerreiro japonês e acaba matando seu cacho (pois é disso que se trata) numa cena de representação sexual explícita no final, em que não faltam até expressões extremas de gozo diante da morte. É o fim da picada. Tom Cruise consegue ser bom em filmes onde é bem dirigido, como Guerra dos Mundos, que causou o maior espanto pois não é Tom que acaba com os Tripods e sim os vírus. Queriam que Tom desse um jeito em tudo, mas Spielberg, mais amadurecido, deu um cambau no olhar idiotizado e ofereceu uma solução que desagradou.

SEGREDO - Vi também, em dvd, o filme dos cowboys veados, O Segredo de Brokeback Mountain. Porque foi tão celebrado e ganhou tanto Oscar é um mistério absoluto, pois é um filme raso, que finge ser corajoso ao abordar o homossexualismo na parte macha dos Estados Unidos (aquela em que os caras usam esses chapeuzinhos de abas reviradas e exibem fivelas prateadas no cinto). Todo faroeste é um far-gay e os antigos tinham mais competência, pelo menos em termos de cinema. Não existiam cenas explícitas como este sobre o frescor da montanha, mas a representação poderosa da paixão dos fortes era totalmente exposta. Os americanos se amam perdidamente e seu cinema é a reiteração do Mesmo. É a redundância elevada à categoria de indústria grandalhona. Vejam Tom Cruise matando com um espadaço seu grande amigo samurai. Eles se agarram, de uma forma parecida com a do filme da montanha, e seus olhos brilham de um estertor sem igual. Vão parar com isso.

TROMBETA - Neste 2006, dediquei boa parte do Diário da Fonte para o cinema. Coloquei mais ou menos em dia minha defasagem, que tinha mais de três anos. Vi muito filme bom, mas também muita porcaria. Tem leitor que prefere ler aqui outros assuntos, pois o cinema já oferece um bom quadro de jornalistas que fazem análises bem mais atualizadas. Mas não abro mão desse tema e tenho até formatado um livro inteiro com minhas crônicas cinematográficas, especialmente sobre o grande cinema que se perdeu no tempo e que jamais voltará, a não ser que você coloque algo no dvd e reveja. Foi quando o cinema atingiu o ápice e os imbecis e invejosos cuidaram de estragar tudo, como acontece invariavelmente. É como dizia meu pai: sempre tem um boi corneta.

MENTIROSOS - Agora querem nos empurrar Tarantino, Scorsese e Stone como cineastas. São comerciantes do mais baixo nível. Atendem a seus patrões, os donos do mundo. Espetacularizam a violência (Taratino), mentem sobre as guerras imperialistas (Stone) e sobre o glorioso passado cultural do cinema e da América (Scorsese). Fora com eles.

RETORNO - As duas imagens são do filme "O Último Samurai".

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