9 de novembro de 2021

SÓTÃO

 Nei Duclós 

SÓTÃO Visitei o sótão de poemas Guardados numa vida em pensamento Estava vazio, sem serventia Dispersei como areia ao vento Teriam valor? Cedo me convenço Mas fingia a dúvida que já existia Desde o princípio O resto, perdi tempo Talvez fossem fortes num primeiro instante E ocupassem espaço, os tratantes No fundo eram apenas companhia Para a solidão do espírito sem habite-se Chega o momento em que não mais funciona O charme e a autocrítica infame A obra é um sonho no derrame Ficamos paralisados pelo medo O segredo é saber onde se situa A palavra afiada em terra bruta És pedra, me disse um anjo Voas no alto da montanha Toda vez que a águia soberana, os sobreviventes Pousam os olhos em teu encanto São as vitórias numa guerra perdida, a de ser humano Nei Duclós

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