6 de julho de 2018

ÁGUA NO PEITO

Nei Duclós


É cedo para dizer
se essa arte provocará
efeito
encontrando gerações lá adiante
quando houver cansaço deste tempo

Talvez recolham os luminosos restos
do que agora fazemos sem noção da sombra
que nos aperta sempre
sol que implode lento

Ou nos esquecerão, falsos herdeiros
satisfeitos com o que perderam, fogo extinto

Se souberem que não importa a estação
mas os seus frutos
bastará para a roda reencontrar seu eixo:

Este poema que não fiz direito
mas que me consumiu, água no peito
de um rio que alimentou a infância
e deságua no rosto frio do nosso esforço




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