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17 de abril de 2022

ENCALHE

 Nei Duclós 


Não diga que sou tirano

Porque travo a língua com palavras  pobres

O lixo que recolho serve para o sonho 

Não deixo nada fora no ofício medonho 


É  missão de sacerdote o poeta que sofre

VendO o verbo atirado sem nada que o apanhe

Por isso reza enquanto anima o espólio 

O encalhe das falas e dos relatórios 


Tenho o hábito dos santos apesar de humano

Vivo no pecado das estrofes sem uso

Mas os anjos gostam e devolvem num sopro 

Maravilhosa e inéditos cantos gregorianos


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