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8 de setembro de 2017

A DOR INVISÍVEL



Nei Duclós

Encontrar de rosto voltado para o chão
o corpo gelado e o mudo coração
E em vão tentar reanimar a rigidez
da alma que voou, pássaro da vez

E continuar respirando o ar que lhe faltou
E tocar a vida que era eterna e se acabou
E não acreditar de fato que morreu
a presença mais pura e o raro dom

E perguntar a Deus qual vontade decidiu
no calendário imóvel do pavor
quando o remorso é o destino que ficou
E descobrir que o morto enfim sou eu

Não diga força porque é infinita a perda
Nem chore comigo a dor que é invisível
Pois tudo continua, indiferente e incerto
menos a memória, flor que sai da pedra

RETORNO - Imagem desta edição: meu filho Miguel Lobato Duclós (1978-2015) no almoço do seu último aniversário, a 29 de maio de 2015.

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