Nei Duclós
Estive oculto, junto com o poema
na dobra de uma duna, sob sol pleno
refúgio do verbo que o vento junta
ao longo da tormenta, duro deserto
Demorei no ermo, exilado esquema
de água escassa e maná omisso
correio não assoma, carta não chega
durmo sem a lua, grude nas estrelas
Risco o manuscrito quando me concentro
copista dos anjos, face de horizonte
túnica de seda sobre seu semblante
mexo nos cabelos de óleo e açucena
Tudo me espera, o sonho repleto
custo a perceber o quanto provoco
nessa ausência de fio de cimitarra
que é o meu verso, sonoro choque
Trago um tesouro da longa viagem
desço na estação do país mais tenso
levo até o rei, perdido com seu séquito
em troca da princesa, musa que liberta
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