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29 de dezembro de 2016

O COPY DOS GÊNIOS



Nei Duclós

Editor de texto vive na sombra. Salva uma obra com suas orientações, cortes, competência, talento, fôlego. É o que mostra o filme Genius (2016, no Netflix) que o Brasil mudou para Mestre dos Gênios, sobre a relação profissional entre Maxwell Perkins, editor, interpretado por Colin Firth, e Thomas Wolfe,o nascido em 1900 (para diferenciar do homônimo nascido em 1940), interpretado por Jude Law.



Perkins é o cara que descobriu Scott Fitzgerald e editou também Ernst Hemingway. Uma lenda do ramo. O filme contrapõe a piração ególatra e solitária de Tom com a paciência e a concentração do afamiliado Max.Nicole Kidman é a desesperada mulher de Tom, inconformada por ele escapar das suas mãos depois de explorá-la emocionalmente antes de lançar o primeiro livro.

O filme reproduz trechos inteiros da obra de Tom. Há a maldição do copy que convence o autor a cortar e modificar seu trabalho e a intensa interação entre autor e editor, coisas pouco abordados no cinema. O editor de texto não se mostra e toda a glória da autoria vai para o escritor. Mas o editor tem sua parte decisiva no texto final e as pessoas não podem perceber pois é um trabalho anônimo, com raras exceções.

Copidescar textos comuns é uma coisa, um eito brabo. Pior é copidescar os gênios e ainda fazer inimizade com eles, pois ficam enciumados quando dizem que não são autores dos seus livros, atribuídos ao sujeito da caneta vermelha. Mas é o anônimo funcionário de olho no leitor e no mercado (seus livros eram best-sellers) quem nota os furos, tudo o que pode prejudicar uma obra prima. A começar pelo título.

Baita filme, magnífico. Recomendável de sobra.


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