Nei Duclós
Editor de texto vive na sombra. Salva uma obra com suas
orientações, cortes, competência, talento, fôlego. É o que mostra o filme
Genius (2016, no Netflix) que o Brasil mudou para Mestre dos Gênios, sobre a
relação profissional entre Maxwell Perkins, editor, interpretado por Colin
Firth, e Thomas Wolfe,o nascido em 1900 (para diferenciar do homônimo nascido
em 1940), interpretado por Jude Law.
Perkins é o cara que descobriu Scott Fitzgerald e editou
também Ernst Hemingway. Uma lenda do ramo. O filme contrapõe a piração ególatra
e solitária de Tom com a paciência e a concentração do afamiliado Max.Nicole
Kidman é a desesperada mulher de Tom, inconformada por ele escapar das suas
mãos depois de explorá-la emocionalmente antes de lançar o primeiro livro.
O filme reproduz trechos inteiros da obra de Tom. Há a
maldição do copy que convence o autor a cortar e modificar seu trabalho e a
intensa interação entre autor e editor, coisas pouco abordados no cinema. O
editor de texto não se mostra e toda a glória da autoria vai para o escritor.
Mas o editor tem sua parte decisiva no texto final e as pessoas não podem
perceber pois é um trabalho anônimo, com raras exceções.
Copidescar textos comuns é uma coisa, um eito brabo. Pior é
copidescar os gênios e ainda fazer inimizade com eles, pois ficam enciumados
quando dizem que não são autores dos seus livros, atribuídos ao sujeito da
caneta vermelha. Mas é o anônimo funcionário de olho no leitor e no mercado
(seus livros eram best-sellers) quem nota os furos, tudo o que pode prejudicar
uma obra prima. A começar pelo título.
Baita filme, magnífico. Recomendável de sobra.
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