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6 de agosto de 2015

UMA HISTÓRIA POLICIAL



Nei Duclós

Livros deveriam ler e não ser lidos
Pacientes e mudos, forraríamos as estantes
Obras célebres e sóbrias nos folhariam
a nos perseguir em cantos inacessíveis

O que aprenderia conosco tanta sabedoria?
Compactos em nossos volumes sinistros
de corpo fechado e dor de conteúdo
memórias riscadas fora das páginas

O que diríamos, na linguagem dos sinais
mãos a sobrevoar o vento, rosto impassível
ostentando o anonimato dos títulos
aqui jaz uma biografia, hoje encadernada

Enfileirados em nossa mudez cruenta
aguardaríamos os dicionários, enciclopédias
que decifrariam códigos de olhar e ossos
Coleções de geografia no uso dos mapas

Livros deveriam nos jogar na cabeceira
e de vez em quando retomar a leitura
somos aborrecidos, humanos previsíveis
mas qual será o desfecho para o crime?


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