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4 de agosto de 2015

DETETIVE SARAH LINDEN, EM SEATTLE, SOB A CHUVA



Nei Duclós

Ela acha que quebra tudo o que toca e não consegue consertar nada. É mãe solteira e não segura o filho adolescente. Passou por lares adotivos antes de se tornar policial. Encara sua missão com doentia determinação e não cede até achar o criminoso. Faz perguntas decisivas e quando acha que a conversa não vai render mais simplesmente dá as costas e vai embora. Não mexe uma linha do rosto a não ser quando sorri raramente em momentos de distensão. Seu parceiro de rotinas de ronda, o neófito Holder (Joel Kinnaman) veio das drogas e se submete a tratamento enquanto tenta deslindar sob as ordens de Sarah escabrosos assassinatos de adolescentes.

A série The Killing (A Matança, 2011-2014), agora no Netflix, tenta seguir os roteiros clássicos do romance policial (é escrita por Veena Sud), com investigações baseadas no talento e no fôlego de policiais outsiders vocacionados. Foca mais na destruição das famílias e como, nesse cenário, as crianças se tornam adultos problemas graças à indiferença e ausência dos pais e o ambiente distorcido da corrupção e da crueldade. O crime toma conta de toda a sociedade, incluindo principalmente os políticos e os empreiteiros.

Série sinistra, lenta, sombria, brilhante, The Killing tem em Mireille Enoz no papel da detetive Sarah um dos pontos altos da televisão. Você pode não simpatizar com ela,mas jamais deixa de torcer por suas vitórias. Você fica muito a fim que ela identifique o facínora. Ela chega ao fim de túnel demolida, expulsa da polícia, perseguida, com a ficha suja de tantos equívocos (em que os suspeitos pagam com atentados, mortes e surras). Mas intacta como profissional de primeira linha, imprescindível. Sob a chuva interminável da cidade em cacos, a detetive Sarah Linden age no cenário do crime para não dar vez aos criminosos.

Trata-se de simplesmente o máximo.

Nei Duclós

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