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11 de agosto de 2015

FORJA FRIA



Nei Duclós  

Por mais intensa, tua verdade
será sempre passada para trás
em favor de uma indiferença
que se impõe pelo hábito

Todos os alimentos se repetem
e você, farto da variedade
ficará exposto ao vento
como falcão inútil no penhasco

Teus últimos momentos
não dirão a frase decisiva
mas não serás mudo, tu, enigma
que a palavra forjou no frio

Dirás em fuga o que ninguém grava
essas folhas que se soltam
nas estações amontoadas
em dias de clima violento

Teu alento, a percepção aguda
de que tudo fica estagnado
como poça de estrelas que a luz
abandonou em duras elipses

O lixo que a eternidade apronta
pousará suavemente em teu fardo
feito de frutos secos. Dirás adeus
para a voz que jamais responde



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