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17 de agosto de 2015

POÇO SEM FUNDO






Nei Duclós

Desperdicei luz imaginando o fim da treva
mas ela venceu por ser parte da natureza
enquanto a claridade vem de outra esfera

O sol é artificial, manhãs são passageiras
o que fica são as tardes de grossas cobertas
e a noite, ruas de veludo de maior grandeza

Acendi lampiões, precária fila de poemas
na avenida sem fim da perda em exagero
lua é maquiagem, sua alma está na sombra

Foi assim que te perdi, poço sem fundo
parecias a água que o rosto refletia
mas havia seca, e o maná que jamais vinha

Debruças sobre mim teu rosto espesso
especiaria que o amor cultivou na sede
é quando saio da solidão, pedra preciosa



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