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23 de março de 2014

VERTICAL



Nei Duclós

Faço para viver, a margem que me resta
forço o árduo ar, neste final de  outorga
quando nada é dado e tenho de prover
como no início o ofício de vender a alma

Ungido no suor, cumpri no tempo a cota
a terra me esperava, criada na vingança
destino que na porta o véu não se coloca
por ser o olhar faminto de horizonte oco

Voltei como me fui, dor de uma pergunta
nunca soube a fonte que a Deus me leva
descri da vestimenta e cavalguei o fogo

Conduta que propõe enigma sem resposta
pólvora de poema, retalho de uma obra
 lastro posto fora no voo vertical do corpo