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18 de setembro de 2013

CRISTAL DE PROMESSAS



Nei Duclós

Desgruda, disse o Sol para a Terra
Nunca mais crepúsculo? disse ela
Noite após o dia, esplêndida aurora?
Verão curando a ressaca da primavera?
Varredura em desertos e florestas?

Vais apagar a Lua, me deixar sozinha
com as estrelas? Quem me dera saber
porque fazes as malas, deve ser aquela
Andrômeda em conluio com a Via Láctea
espirais que te prometem liberdade

Esqueces que sou azul de tão bela
e que nem tudo vem de ti, gigante tonto
forno de elementos dispersos
ridículo Prometeu já sem fígado
roubo de abutre, cabeça de vento

Nada encontrarás no cosmo sem vida
nem liquens ou pássaros ou mares
Voltarás querendo retomar o trono
mas talvez eu assuma outros ares
Órion me apoiará com as Três Marias

Vai, carruagem amarela
vire abóbora, enquanto calço
um sapato de cristal, quem sabe
um príncipe e não mais um rei
dance a valsa das promessas