Julio Monteiro Martins me envia de Lucca, Italia, o cardápio
da edição número 51 da revista que edita lá, na língua de Dante. Sagarana, não
canso de repetir, é a melhor revista cultural do mundo. Nada se compara a esse
banquete. O destaque é o escritor nigeriano Chinua Achebe. E minha poesia,
nesta edição, faz parte da pauta (veja meu poema Flerte depois do texto de
apresentação da revista). A redação da Sagarana com a palavra:
"É com satisfação que anunciamos a presença on-line, a
partir de hoje, do n° 51 da revista Sagarana, em língua italiana, no endereço
telemático www.sagarana.net . A capa desta edição é dedicada ao grande escritor nigeriano
Chinua Achebe, morto há poucos dias. Apresentamos o seu conto “Il sentiero dei
morti”, uma sua poesia, “Madre rifugiata con bambino” e um trecho do seu
romance “Un uomo del popolo”.
Este novo número contém diversos ensaios e artigos, “Il
silenzio dei média genera mostri” de Andréa Matricardi, o primeiro texto de uma
série de oito, que serão enviados por Amnesty International para cada nova
edição de “Sagarana”. “I gesuiti in Brasile” di Mirella Abriani e “Ratzinger e
la Teologia della Liberazione”, de Loretta Emiri, além do ensaio “Scoprendo il
ventre del continente”, sobre a recepção na Itália das obras de Machado de
Assis e de Guimarães Rosa, “L’ultima lettera” a George W. Bush e a Dick Cheeney,
escrita por um soldado da guerra do Iraque, Tomas Young, que ficou paralítico e
decidiu suicidar-se. Uma análise da poesia de Capinam, “I ceti medi” (As
classes médias) do cientista político Paul Ginsborg, “Alla cabucelle” de Yves
Montand,“Scrivere o far saltare una diga” (Escrever ou explodir uma represa) do
filósofo estadunidense Derreck Jensen, e um estudo da obra de Roberto Bolaño
também estão presentes nesta edição.
O Editorial desta edição, de Julio Cesar Monteiro Martins,
“La cultura cambia pelle”, tenta imaginar o que poderia ser uma revolução no
mundo cultural italiano, e a revelar o que é que está desabando e o que está
nascendo ou está para nascer nesta área tão próxima e tão ligada à área
política, e que vive com esta numa simbiose que reflete a realidade do poder,
mas que se transforma rapidamente quando esta realidade muda a sua ideologia e
as pessoas no comando.
Em Narrativa, além dos textos de Chinua Achebe, temos
traduções inéditas de um trecho de um romance de Camilo Castelo Branco e do
conto “Testolina bianca” da escritora mexicana Rosário Castellanos, o trecho de
um romance “Rovesciare il Governo” de Irene Némirovsky, “Annamaria Oliovino” de
Bernard Malamud, “Madame El-Koutoub” de Patrick Modiano e textos inéditos de
Mantea e de Anne MacDonell, além de Remo Bassini, Zadie Smith e Lorenzo Spurio.
Em Poesia, traduções inéditas de obras de grandes poetas,
como Rainer Malkowski, Paul Polanski, Roberto Juarroz e June Jordan, as poesias
inéditas de Nei Duclós, Robert Bly, Marge Piercy, Helene Paraskeva, Isabel
Fraire, Todd Swift e José Carlos Becerra, as “Storielle del Vento” di Garcia
Lorca e “Candele” de Kostantin Kavafis, além dos contos e das poesias de novos
autores, na seção Vento Nuovo.
Neste mesmo endereço telemático encontrarão a atualização da
seção Il Direttore, com o conto Il pet shop di Rua Tiradentes, de Monteiro
Martins.
Esperamos que os ensaios, os contos, as poesias e os trechos
de romances selecionados possam oferecer-lhes muitas horas de agradável
leitura. Cordialmente, A Redação de Sagarana."
FLIRT
Nei Duclós
So che non lo merito
ma al solo guardarti
dimagrisco
Immagino il tuo disprezzo
ma nulla pesa
il desiderio
Il cuore è sempre lo stesso
Fluttua quando sei
vicina
Se mi chiedi perché
al posto di correre
scrivo
È per non perderti più
mia quarta foglia
di trifoglio
In lingua originale:
FLERTE
Nei Duclós
Se que não mereço
Mas ao te olhar
Emagreço.
Imagino o teu desprezo
mas nada pesa
o desejo
O coração ainda é o mesmo
Flutua quando estás
perto
Se me perguntas por quê
em vez de correr
escrevo
É para não mais te perder
minha quarta folha
de trevo
Poesia tratta dalla raccolta Partimos de manhã, Coarg edições / Instituto Nacional di Livro, Porto Alegre, Brasile, 2012. Traduzione in Italiano di Julio Monteiro Martins.
Nei Duclós è un poeta brasiliano, l'autore di Outubro.