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12 de junho de 2012

CORAÇÃO DE SEDA


Nei Duclós

Acordei com o quase beijo da meia noite. Chegarei hoje a bom porto? Diga, coração de seda.

Tão bonito o teu silêncio quando me vês inteiro. Dá vontade de ficar aqui para sempre.

Arte é amor e se manifesta de muitas maneiras.

Faço poesia para pegar no tranco. A cabeça está em outra quando acordo no mundo. É preciso trazê-la até o extremo encanto. Isso só se consegue se estiveres junto.

Se ficarmos assim, próximos de um amor de sonho, talvez assome no mar o sol que já imaginamos, glorioso a distribuir prazer, fogo em teu molho.

Quis te mostrar minha coleção de borboletas, mas não estavas interessada. Preferiste visitar o quarto.

Passei aqui só para perguntar pelo coração que esqueci em tua morada. Guardaste ou ele ficou atirado no mesmo lugar que deixei de propósito?

O poema acompanha a beldade armado. Quem faltar com o respeito, leva chumbo.

Os amores duram cada vez menos. Daqui a pouco serão reduzidos a um levantar de cabeças seguido de caras de paisagem

Vais embora na primeira quadra do sentimento. Tens medo. Fico a ver navios, que viram barcos de papel encharcados pela chuva.

 Mas algo que parecia oculto para sempre ressurge na rua dos suspiros. És tu, magnífica. Nenhum amor está perdido.

Entendi. Foi só um momento. Pertence à areia. Deitei em vão ao teu lado sob as estrelas do deserto.

Demoras a dizer o que preciso. O dia já avançou um tanto. Queres que eu provoque um tornado? Eles são imprevisíveis...

No dia dedicado aos construtores de asas de seda, deu um tempo. Estava cansado. Preferiu retomar no dia seguinte, quando haveria ressaca do excesso de voos.


RETORNO – Imagem desta edição: Rhona Mitra.