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9 de maio de 2012

TRÊMULA


Nei Duclós

Não posso chegar perto. Então me condiciono a te tocar pelo avesso, a poesia.

Trêmula perna impede andar depois do arraso. Compromisso obriga a sair, mas como firmar o que foi demolido sem piedade?

O dia varrido de sol deixou limpo o piso do céu. Vésper veio fiscalizar as bordas. Só então a rainha assoma grandiosa, com o brilho incendiário de uma tocha.

Marcamos encontro no luar. Estávamos nus. As fadas choraram

Estavas oculta embaixo de tanta roupa. Não quis decifrar-te, apenas saber se consegui chegar onde o espírito arde.

Não tenho verso ressentido porque gosto de todos eles.

Amor, até de olhos fechados. Mas insistem em dizer que é pura fantasia.

A conversa está muito boa, mas onde colocaste meu beijo?

Na sombra do jardim medra o que imagino: tu tentando escapar, como um peixe.

Escrevo o que me dás na telha, pássara pousada no teto.

Lá vem a saraivada de versos. Estavam esperando para sair, os meliantes.

Mas estás imune ao papo na varanda. Preferes um convite para uma valsa sobre a cama.

Estavas oculta embaixo de tanta roupa. Não quis decifrar-te, apenas saber se consegui chegar onde o espírito arde.

Verso é telegrama. Abra enquanto é tempo e me chame. Estou em frente à porta, trabalho em teu correio.

Voltaste de Londres e agora ficas perto. Trazes aquele sonho, sardenta.

Beijo adiado não perdoa. Quanto mais tempo, mais longo.

Não sou um bom exemplo. Pule minha lição, venha para a cama.


RETORNO – Imagem desta edição:  Amber Valetta.