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12 de dezembro de 2011

MOLDEI TEU CORPO COM AS MÃOS


Nei Duclós


Moldei teu corpo com as mãos. Quantos te chamam de amor? Te tomei do mundo, doçura

Eu voltei, meu coração. Agora fica em supremo espasmo, infinita, ao meu lado, enquanto faço a maior cara de paisagem

Estive onde ninguém ousou chegar: tua trêmula confluência do mistério. E vi o rosto desfigurado pela tensão do êxtase ao te tirar do sério

Não entendemos porque vivemos este momento. Só nos interessa o sentimento bruto descoberto em nossa busca, mina de preciosas gemas

Enxergue por mim, criatura de espumas. Veja os navios voando sobre as ondas. E tu, condessa, manobrando o leme, gargalhas, confusa

Não faço parte do teu mundo. Não me inclua em teus projetos. Não se aproprie da minha alma. O coração já não basta?

Nem sei do que falas. Imagine que eu tenha um mundo. Porque te amo não significa fazer parte da mobília

Sou teu, mas a vida é minha. Me tens, mas não o meu espírito. És dona, mas não mandas. Rainha, mas do meu sentimento. Não do meu ofício

Grandona, pequeninha, nissei, caucasiana, amarela ou morena: em qualquer corpo és tu, minha sereia

Quero de você distância: mil quilômetros, baile a fantasia e uma vontade torpe de te fazer perdida

Ninguém te entende, ser humana. Ninguém te compra, solidão no ermo. Ninguém te vende, coração aos prantos. Só eu te amo, miserável deusa

Agora me segues por toda parte. Quando descanso ou vou às compras. Perdeste o rumo de ti, amoroso encosto. Voltaste à costela, eva

É um coro de anjos que me sopra este romance. Eles brincam comigo. Levar a sério implica uma recompensa: aprender a amar sem desperdício

Primeira lição: aceito. Segunda: não durmo. Terceira lição: conquisto. Quarta: me visto. Quinta lição: padeço. Sexta: me liberto. Sétima lição: revido

Os homens não entendem, disse ela, a tesão da gente. Acham que são só eles e por isso sentem medo. Não somos só o prazer, mas o êxtase


RETORNO – Imagem desta edição: Ingrid Bergman

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