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12 de dezembro de 2011
SÓ EU TE TOCO
Nei Duclós
Sou teu intermediário entre a cama e o desejo. Cumpro com prazer, e ainda ganho de brinde um beijo
Parece um morango e na consistência um pêssego. O sumo é doce, como nas frutas quentes. Mais não digo, para não parecer ingênuo
Já vi que te arrependes quando é inevitável o gozo. E tentas fugir, minha amêndoa. Mas te condiciono pelo corpo. Ardo por ti, confidente
Insistes em querer quem está tão distante. Vocação de chuva perdida no horizonte. Fico na praia, e te chamo
Não damos conta da sedução, minha inconstante. Perdes o foco e partes para a balada, onde te cantam. Mas voltas para mim, só eu te toco
Cheguei a te esquecer, de tão intensa. Fogo de palha, me enterraste no silêncio. Mas continuo teu, cabelo de incêndio
Não quero que digas, apenas sinta. As palavras me ferem, como alfinetes. Só o sim do teu semblante faz parte dos meus tesouros
Agora me diga: sentiu saudade? Ou aproveitaste minha ausência para negar meu gesto? Vou cheirar teu quarto, buscar pistas. Quem te quis, amante?
É macia o que tens, e vibra. Mas não é para mim, invasivo. E sim para teu outro amor, em quem confias
É pouco o que tenho. E está contigo, portento
Montei o mecanismo que te encanta: duas palavras de amor, a mão no peito, o mergulho no lago e o lábio em teu ouvido, pirilampa
Faço trilogias de surpresas. Depois lanço nas tuas tardes, atraindo pombas. Custas a ceder, mas teu vestido se encarrega de subir um pouco
Parece fácil o que te digo, mas vem do fundo, lá onde mora o perigo. Fui buscar, sem proteção no abismo
É um continente de delícias o poema que não finda. Nele moras como rainha. Quando sentas no trono, te baseias em mim, firme
Agora me arranha, já acabei contigo. Esta é a senha. Nada me tira de ti, mulher plena
RETORNO – Imagem desta edição: Monica Bellucci
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