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23 de março de 2008

AMÉRICA PEDE SOCORRO


Pela primeira vez vi a bandeira americana virada do lado contrário num filme feito nos Estados Unidos. É o pedido de socorro em “No vale das sombras”, de Paul Haggins, sobre a investigação policial de um assassinato. Soldado que volta do Iraque, sai para a balada com os colegas e aparece esquartejado. A invasão dura há seis anos, mais do que o tempo do envolvimento americano na Segunda Guerra Mundial. Hora de tirar o time de campo, pois o bem mais precioso para a sobrevivência no conflito, a camaradagem entre os soldados, se quebra. A crueldade no front se volta contra o próprio Exército.

É o país que perde a identidade ao acreditar na versão oficial da luta contra o terrorismo. Manipulado por um bruto, George W. Bush, a nação se deixa levar pelo medo e o ressentimento e vai buscar sarna para se coçar longe de suas fronteiras. Deveriam fazer como Higgins que procura, e acha, os motivos dentro do próprio território. Está na cara que toda liberdade que a repressão ganhou depois do11 de setembro torna o atentado altamente suspeito. Nenhum líder de sandália e camisolão tem tecnologia para levar alguns aviões direto para as torres gêmeas.

No futuro, se ainda houver liberdade, este início de século será conhecido como a época da Grande Fraude. Foi uma cartada da extrema direita americana para implantar a ditadura que cevou por todo o planeta durante mais de um século. Enfim provaram do próprio remédio. Agora, com o que resta de liberdade de opinião, e com eleições à vista, além de serem comidos pelos calcanhares por uma profunda e devastadora crise econômica, começam a fazer autocrítica. Tarde piaram. Agora lambam as feridas.

É mais uma sinuca de bico. Sair do Iraque assim no más, nem pensar. Permanecer, nos termos atuais, idem, pois significa aumentar os contingentes, inventar novas estratégias a cada semestre para confundir a opinião pública. Por isso a América pede socorro. É preciso tirá-los do atoleiro, senão vai todo mundo para o buraco. O Brasil teve chance de interferir, mas Sérgio Vieira de Mello foi assassinado pelas forças que queriam o caos. Não está descartada a hipótese de também esse atentado ter sido forjado dentro das hostes da falsa democracia. Vieira de Mello iria atrapalhar a guerra.

As raízes do Mal estão fortemente plantados no coração da América, como prova o rosto marcado de Tommy Lee Jones, que, disparado deveria ter ganhado o Oscar e não o histriônico Daniel Day Lewis. Susan Sarndon fez uma ponta e nos deslumbra com a força do seu carisma e do seu talento. Um súbito olhar para o militar que tenta consolá-la pela morte do filho serviria, em apenas um segundo, para lhe dar todos os prêmios de interpretação do ano.
Vejam que raridade. Gostei desse filme, apesar do tema recorrente (os americanos e suas guerras).

RETORNO - 1. Imagem de hoje: Tommy Lee Jones e Susan Sarandon numa cena de “No Vale das sombras”. 2. Este é o quarto post no feriadão da Páscoa. Depois não perguntem por que o Diário da Fonte “parou”. Nós jamais paramos.

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