É nos livros que o exercício autoral está dando banho na mídia tradicional. Denúncias anti-Bush tomam conta do noticiário e vendem milhões de exemplares em todo o mundo. Ao mesmo tempo, há grande oferta de trabalhos que vêem à tona com grande diversidade, soterrando de vez as figurinhas carimbadas e revelando autores jamais vistos ou lidos. A Bienal que começa nesta quinta-feira traz, em meio a grande quantiudade de obras que não surpreendem, jóias que precisam de garimpo seguro para entender melhor o mundo onde vivemos e como anda a grande aventura da criação.
AVALANCHE - Quando anunciei, no final de 2003, que este 2004 seria o Ano Livro, não estava pensando apenas na Bienal, nem apenas no livro que estou lançando, Universo Baldio. Mas na onda cresscente que essa atividade ocupa hoje no Brasil. Nem sabia direito a posição de vanguarda que o livro ocupa hoje e que, diante do grande cerco da mesmice e da corrupção das mentes, abre novos espaços no coração dos leitores. Isso não estava ainda claro para mim. Foi Wagner Carelli, fundador e diretor da W11 Editores, que teve essa sacada e me deu um banho de informação com os títulos que ele estava lançando ou por lançar. Em poucos meses, mergulhei em autores dos quais jamais tinha ouvido falar, como o grande repórter investigativo Greg Palast, o Nobel de Economia Joseph Stiglitz, o sociólogo Barry Glassner, os espanhóis Pablo Tusset e Javier Cercas, ou autores como T. H. White, que escrever a definitiva versão da saga arturiana, O único e eterno rei, entre muitos outros. Além dos livros que ele pediu para traduzir e estaremos lançando brevemente. Não se trata aqui de divulgar o trabalho ao qual me dedico mais de 10 horas por dia. Mas de revelar o quanto uma editora pode fazer pela cultura do país, desde que se disponha a um trabalho de qualidade, produzindo livros com entusiasmo, acreditando no que se faz. A Bienal será a grande vitrine desse esforço de militância cultural, do qual participo com todas as forças disponíveis, junto a uma equipe super bala. Este é o Ano do Livro. Não só do meu livro ou dos livros da W11. Mas dos inúmeros lançamentos e relançamentos que povoam os estandes da Bienal e que até o dia 25 estarão disponíveis para que o Brasil se convença que é por esse caminho que se recria o imaginário do País, hoje tão atolado em inúmeras contradições.
RETORNO - Gim Tones me telefona comentando o acompanhamento dos personagens de Universo Baldio e a fabulação que dedico a cada um deles. Meu irmão Luiz Carlos lembra que , no jogo das bulitas – que tem no romance algumas páginas dedicados a suas regras – ficou faltando o grito de guerra “jogo viola e pelo as gralhas”, que dizíamos “pelo as graia”. Ele explica que a gralha, pássaro penoso e altissonante, era a imagem dos jogadores cheios de bico e pompa, que seriam “pelados” pelos seus desafiantes. E viola é sinônimo de bulita, que em outras partes do país chamam de bolinha de gude. Marco Roza, autor de Procurar emprego nunca mais, assume a divulgação entusiasmada de Universo Baldio, colocando inclusive à disposição uma assessora de imprensa, e envia release para sete mil jornalistas. É preciso que o livro seja anunciado para ser procurado e lido. Aguardo as resenhas, que virão. E o retorno dos outros amigos, que aos poucos enviam e-mails ou telefonam para comentar passagens do que escrevi diante do mar ou aqui dentro do meu escritório caseiro, em São Paulo. Meu irmão Elo diz que o livro é bom de ler, o que é elogio de primeira para um escritor ansioso. E Carlos Marques, da revista Ícaro, da Abril, avisado pelo release de Dom Marco, me faz magnífico telefonema carregando altos arquivos do pampa. Por falar em pampa, hoje enviei minhas colaborações para a segunda edição da revista Fronteira, de Uruguaiana, que será dedicada ao futebol da cidade. Só as histórias do lendário Mario Pinto, da radio Charrua, escrita pelo repórter Chico Alves, vale a edição.
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