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19 de janeiro de 2024

SÚMULA

 Nei Duclós 


Faço música na surdez do mundo

Sílabas que não escutam

Canções em estádios ocultos


Sou o flautista que promete o abismo

E jura que existe uma ancestral melodia

Que tudo revela no horizonte mudo

Profunda poesia na harpa dos minutos


A partitura se desfaz na pauta das nuvens

Morre o eco que poderia ter dito

A provar a súmula jamais escrita


Componho como quem surta

Sem voz apesar de peregrino

Só alguns pássaros adivinham

E cercam tontos de voo

Meu ofício que teclo teimoso

Num órgão misterioso em catedrais do divino


Nei Duclós

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