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6 de julho de 2023

HÁBITO

 Nei Duclós 


Permaneço escondido, como de hábito 

Mostrando a cara, sem perder o costume

A poesia tornou-se um dos andares

Do edifício ao qual não tenho acesso 


Virei saltimbanco, sem ocupar o espaço 

Que também está loteado, o dos incompreendidos

Premiados pela pose de palhaços


Sou mendigo raiz, produzo sem fazer contatos

Não vou a eventos, prefiro os pássaros 

Que migram dando lições de liberdade 


Vire a lata do lixo, lá está o poema

Sangue em conta gotas, como de praxe

Teu coração aplaude sem som ou imagem

Tudo se repete na solidão da arte 


O tempo não registra, avesso a vaidades

De quem deveria existir mas só se afoga

Mar sem saída do anonimato


Nei Duclós

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