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2 de abril de 2023

ARMADURA

Nei Duclós 


Tirei da poesia o que ela tinha

Para ver o que havia dentro dela

Objetos diversos, quinquilharias

Letras de forma sem formar sílabas

E um ruído de cosmo antes do início


Optei por recolher alguns vestígios

Da arte que até então eu conhecia

Mas não pude armar qualquer sentido

Perdi a embocadura, vi-me no limbo 

Costurando a linha de uma crise


O tonel do poema estava cheio

Deveria aguardar o acontecido

E não sofrer com a abstinência

Própria dos pobres arrivistas


Agarrei-me a um soneto bem antigo

Romântico, que trazias na bagagem

E assim recuperei a epifania

De continuar a partir do que Deus fia

E não romper o selo da armadura

Que a natureza em nós providencia


Nei Duclós

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