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26 de agosto de 2022

ATLANTE

 Nei Duclós 


Não descanso deste ofício que me fez gigante

Deixei de ser pequeno com a força do meu verso 

E hoje cruzo o mar dos contemporâneos 

Torno raso o traço que riscam no oceano


Dizem que sou louco de tanta soberba 

E que me convenço sendo um velho moço

cheio de fumaças na cachola insana

Um Quixote sem escudeiro nem Cervantes

E não um semideus da raça dos atlantes


Mas sou o que vim a ser, monstro

Ou como diz o poeta, impávido colosso

Pegue minha mão, beba desse cálice 

Nasci para jogar a terra além de Andrômeda


Nei Duclós

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