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28 de abril de 2022

PASSAGEM

 Nei Duclós 


Por aqui passou o poema

Como vassoura de palha

Deixou estrias no piso

Forçou a porta de entrada


Veio de longe o poema

Do tempo da esferográfica 

Da praia em verões da lata

Das mãos mendigas da praça 

Cadernos espiralados

E de sonhos 

Que já não restam


Passou por aqui, poucas marcas

Revelam sua passagem 

A não ser alguns garranchos 

Nas paredes da tapera 


L

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