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2 de novembro de 2020

LIVROS

 Nei Duclós 


Tínhamos um livro debaixo do braço

Os Quatro Quartetos  de TS Eliot

Numa versão pequena em português do grande poema

Éramos amigos de algumas editoras

José Olympio que nos dava Drummond e outros maiores de bandeja

A Brasiliense, a Nova Fronteira, a Paz e Terra

A Abril com seus Pensadores

A Globo de Porto Alegre, com Proust e todo o cânone 


Éramos íntimos de tantos autores

Lorca Maiakovski Érico Verissimo e o mais proximo de todos

Monteiro Lobato, o da Chave do Tamanho


Hoje não somos insetos graças ao Visconde 

Que traiu a boneca de pano

E votou como povo para que não fôssemos

Devorados pelo gato gordo da fazenda 


Os livros são  nossos professores

Amigos do peito, familiares 

Aplaudimos no final de um romance

Escrevemos  poesia depois de uma antologia


Hoje continuamos a ser os livros que nos criaram

Andamos como folhas sendo lidas

Exibimos capas surradas na cara veterana 

Vivemos em capítulos, trágicos como Lord Jim de Conrad

Habitados como o autor do Pequeno Príncipe

Eruditos como historiadores do interior

Contamos histórias fazemos poemas


Somos a humanidade rumo ao desfecho

Quando a última página nos liberta da leitura

E nos leva para Deus, que gosta de ler

E tem uma biblioteca que é  um assombro



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